Birra! Comportamento difícil de lidar

Quem já não viu uma criança esperneando, gritando, jogada no chão, frente a um NÃO? Muitos dos que viram, ainda pensaram: “Ah se fosse meu filho! Já tinha levado umas boas palmadas no traseiro.”

Eh! Birra mexe com a gente, mas e os pais?! Muitos até já pensaram assim antes de ter os próprios filhos, mas na hora H, ficam paralisados sem saber bem o que fazer.

A grande verdade é que não entendemos o porquê do comportamento, e para piorar a situação, ficamos extremamente preocupados com o julgamento dos que assistem, quanto a nossa competência para educar. E essa mistura de vergonha e falta de conhecimento do que fazer se transforma em paralisia e deixamos de cumprir nosso papel de educadores, salvadores ou ainda, heróis para nossos pequenos.

Um bom começo para lidar bem com esse comportamento, é entendê-lo. A birra nada mais é do que uma manifestação de protesto, a criança está comunicando que está insatisfeita com algo. Aí vocês diriam: “mas insatisfação faz parte da vida e a criança precisa aprender a lidar com isso”. E eu responderia: Certo, mas para aprender a lidar com isso, a criança precisa vivenciar varias situações antes de conseguir lidar bem com a frustração e aí, caímos na mesma questão, a crise de birra, é preciso vivenciar várias vezes, para a criança entender que sobrevive a frustração.

O que fazer então?

Vamos começar conhecendo um pouco melhor a fase do desenvolvimento que a criança em questão encontra-se, isso é como ela está bio-psiquicamente emocional.

Que palavrona né?!

Vou resumir para vocês:

O ser humano nasce desprovido de quase tudo, não fala, não anda, não sabe aonde ele começa ou termina, até oito meses ele ainda acha que a mãe é uma extensão dele próprio e vai depender do crescimento cerebral e de experiências físicas e sensoriais, para ir desenvolvendo sua condição cognitiva, isso é, seu pensamento para poder melhor se comunicar.

Sendo assim o que a criança tem é um sistema sensorial que mostra o que promove satisfação ou não a ela, é assim que sabemos se ela está com fome, sono, frio, medo e isso é demostrado com o choro, sua única forma de comunicação até que ela comece a falar e andar. Mas falar de maneira eficiente ainda levará algum tempo. Então chorar e se jogar no chão é o recurso mais rápido para ela dizer “estou insatisfeita e o que vocês, papai e mamãe, que são meus cuidadores, podem fazer com esse sentimento de que me falta algo?”

Quanto menor a criança, mais dificuldade ela terá em administrar sua frustração, mas como a natureza é sábia, a criança nasce com algumas condições bem interessantes, a primeira delas é ser pequena, fácil de conter e se distrai facilmente, as poucos vai ganhando tamanho e peso na mesma medida que ganhara recursos mentais para melhorar sua comunicação.

Se a birra é em lugar publico não podemos ignorar e deixar que a criança se exponha tanto e incomode as demais pessoas, pegue-a no colo e distraia, se nada a acalmá-la volte para casa, evite alimentá-la se não for fome, Se a birra aumentar a ponto de ele bater nas pessoas ou nos animais de estimação, jogar coisas ou gritar sem parar, leve-o até um lugar seguro, como o quarto. Explique por que ele está lá (“Você bateu na sua irmã) e deixe-o saber que você ficará com ele até ele parar.

Quando a tempestade passar, converse com seu filho sobre o que aconteceu. Diga que você entendeu a frustração dele, e ajude-o a colocar os sentimentos em palavras, dizendo algo como: “Você estava muito bravo porque sua comida não era como você queria”.

Se a criança já passou dos 4 anos e ainda faz birras precisamos propor combinados que deixem claro o limite de atuação dela naquele espaço, Algo assim: “filho eu preciso ir ao mercado, você pode ir comigo, mas eu não vou comprar nenhum brinquedo ou guloseimas, se você insistir, voltaremos para casa e eu irei só”.

Providencie para que este mercado seja uma experiência para se testar o combinado e não a compra dos ingredientes do almoço de logo mais, pois se estiver sem tempo fará as compras com a criança chilicando e aí os pais caem no erro de não cumprir o combinado e isso irá reforçar a criança a continuar na birra, já que o cuidador responsável blefou.

Então! Relaxe, birra faz parte da vida de toda criança até 5 anos aproximadamente, é intensa nos primeiros 2 anos e vai melhorando gradativamente à medida que vai crescendo. Caso ela não apresente melhora significativa até 5 anos veja se você fez a sua parte “combinados compridos”, se mesmo tendo feito, a criança demonstrar muita irritação e agressão para com os pais e qualquer outra autoridade (professores, babas, avós), há algo errado com ela, procure ajuda de seu pediatra e divida com ele suas dificuldades e temores, e se necessário, juntos busquem ajuda psicológica.

Abraços,

Yrea Leme da Silva      yreale@gmail.com

Psicóloga Clinica e Institucional, Educadora, Especializada em Psicossomática, Sexualidade Humana, Estudiosa da Psicossomática da Família, Orientadora Educacional de Pais e Professores.