Puericultura e Homeopatia

 

Tenho recebido a curiosa visita de algumas mães, cujos filhinhos ainda não nasceram, mas que procuram conhecer o futuro pediatra que talvez venha a cuidar deles. Até aí, nada incomum. Louvável, até. Quanto mais conhecimento nessa delicada fase, mais confiança e tranqüilidade na hora H. Mas o que me estimulou a escrever esse artigo foi a pergunta: como é a puericultura homeopática?

Antes de mais nada vamos entender o que é a puericultura. Chamamos assim o acompanhamento dos primeiros 2 anos da vida do bebê. O pediatra convencional examina o bebê periodicamente, mesmo a mãe não referindo queixas (o que é raro) para acompanhar o crescimento físico e o desenvolvimento neuro-psico-motor do bebê. Alem de pesar e medir a estatura, ele verifica o perímetro cefálico para acompanhar o desenvolvimento do crânio, testa seus reflexos e faz algumas manobras para verificar se tudo está normal. Ele orienta a alimentação, a vacinação e a complementação com vitaminas, além de orientar algumas dicas para eventuais dificuldades que a mãe possa observar. Faz parte desse processo o acompanhamento do desenvolvimento de comportamentos como acompanhar e agarrar objetos, sentar, engatinhar, andar e falar nas suas respectivas idades e identificar precocemente alguma anormalidade.

E o homeopata? O que ele faz de diferente? Na minha opinião, as diferenças são poucas, mas sensíveis. Começa com a atenção que o homeopata dá ao período gestacional, aos sentimentos e comportamentos da mãe antes do nascimento. Já tive a oportunidade de medicar o bebê que era muito irritado baseando-me no fato da mãe ter ficado muito assustada no 5º mês de gestação, o que me facilitou identificar o medicamento necessário. Outra diferença é o respeito pela individualidade, evitando comparações com padrões norte americanos e outros modismos importados.

O homeopata sempre examina, deve ser estar atento ao calendário vacinal e muitas vezes até medica as cólicas, o refluxo ou o regurgitamento, as dermatites de fralda, as tosses e febres no decorrer desses primeiros anos, mas (e sempre tem um mas), ele o faz quando esses sintomas não forem uma reação normal de defesa, uma maneira fisiológica do bebê de reagir às agressões de uma sociedade moderna e imediatista, Temos também uma orientação alimentar que respeita os desejos e aversões normais de qualquer bebê e damos muito valor aos cuidados que as vovós já intuíam como naturais e eficazes. Mas se algum medicamento alopático se fizer necessário, é fundamental que o pediatra saiba intervir, conheça a evolução normal e as agravações para saber quando usar homeopatia sozinha e quando associar a alopatia.

Por último gosto de fazer uma grande distinção. Nós homeopatas trabalhamos com a mãe, pai e até com o irmãozinho como uma parceria, nunca de cima para baixo, impondo regras e valores. São os pais que melhor conhecem seu filho e sem a ajuda de sua observação atenta e cuidadosa, nosso trabalho fica aquém de sua possibilidade.