Terapia: eu preciso mesmo disso?

Em meu consultório costumo recomendar a muitos de meus pacientes que façam terapia. Tive excelentes experiencias pessoais com terapia e acho que a Homeopatia e a Psicoterapia podem se complementar, tanto na promoção de auto conhecimento como na ajuda que pode efetivamente trazer a um paciente.

A psicoterapia, em suas diferentes abordagens, pode ajudar, e muito, a conscientização do individuo sobre sua forma de sentir, pensar e agir. Na verdade muitas pessoas apenas recorrem à psicoterapia quando sua vida entra em parafuso, seu casamento começa a se desestruturar ou sua performance no trabalho decai.

A psicoterapia é na verdade uma oportunidade de fazer uma higiene mental. Da mesma forma como escovamos os dentes várias vezes ao dia para evitar as cáries, deveríamos escovar nossas idéias, nossos sentimentos e nossos valores, para retirar a poeira, as incoerências, para retirar as amarguras de nossa mente.

A terapia proporciona momentos de parada em nossa rotina, de reflexão sobre nossa vida e nossa conduta, de entendimento, de como e por que nos relacionamos com as pessoas com quem vivemos.

O auto-conhecimento, fundamental para atingirmos um estado de maior auto-consciência, requer tempo e intenção em vasculhar as profundezas de nossa mente, a ambiguidade de nossas emoções e muitas vezes, uma viagem ao nosso passado, onde muitas experiências vividas deixaram marcas profundas e permanecem escondidas ou guardadas em uma caixinha-preta de nossa mente.

Nem sempre temos competência e energia para empreender essa pesquisa por nossa própria conta. Nessa hora devemos ter a humildade de reconhecer os nossos limites e pedir ajuda. Quanto maiores forem a competência e o profissionalismo da pessoa que se propõe a nos ajudar, tanto melhor.

Um psicólogo que passou anos a fio estudando sobre o comportamento humano reúne melhores condições para nos ajudar do que o amigo ou parente bem-intencionado, que, muitas vezes, é capaz apenas de algum conselho superficial baseado em sua própria visão e percepção dos acontecimentos.

Uma boa analogia seria uma exploração de uma caverna. Além dos apetrechos básicos para a exploração, devemos procurar um guia profissional que tenha vários anos de experiência em espeleologia e saiba nos guiar para dentro e para fora da caverna sãos e salvos.

Além da segurança, o guia sabe apontar para onde devemos olhar quando estivermos no interior da caverna (nossa mente). No fundo ficam os morcegos (nossas emoções guardadas, em geral de pernas pro ar), no teto ficam as estalactites (nossas crenças), e assim por diante.

Sem a presença do guia, jamais descobriríamos por nós mesmos as riquezas e os segredos que  nossa mente sabe guardar e esconder. Jamais poderíamos conceber o labirinto e as armadilhas que nossa mente elabora para ocultar de nossa consciência as suas dores, os seus complexos, os seus medos.

Muitos de meus pacientes reagem mal à idéia de que lhes seria útil iniciar uma terapia. Ainda há muito preconceito em torno disso. Pessoas que parecem esclarecidas sobre suas profissões,  sobre as mudanças da economia e da sociedade ainda revelam um grande desconhecimento e um grande preconceito em relação à psicoterapia.

“Não estou louco, doutor”, “O senhor acha que é tão grave assim? “, ou ainda: ” Quantas sessões o doutor acha que eu precisarei? Será que não dá pra sair dessa sozinho?”

Perguntas como essas demonstram que a psicoterapia é vista ainda como um remédio que deve ser tomado, e não como uma proposta de um auto-conhecimento a ser iniciada para melhorar nossa vida e nossos relacionamentos. Mas a maioria das pessoas que iniciam uma terapia, depois não abrem mão de suas sessões!